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sábado, 6 de dezembro de 2014

ERÊ

Erê do Candomblé Ketu/Nagô....

No Candomblé o Erê é uma energia oriunda do Orixá  ligada ao inconsciente infantil do noviço, o Erê participa como sendo um elo de incorporação.
É também por meio do Erê que o Orixá se interioriza ao noviço aprendendo as coisas fundamentais do candomblé, como as danças e os ritos e toda a liturgia.
O Erê é o mensageiro do Orixá em qualquer situação, inclusive, podendo substituí-lo momentaneamente em várias circunstâncias, inclusive no xirê.
Em casos raros em que o Orixá foge (desincorporar subitamente) é o Erê que toma a frente, até de forma lúdica, mantendo o iyawo em transe para posterior retorno do Orixá.
O Erê também cumpre funções que o zelador determinar dentro da Casa de Santo, podendo lavar, cozinhar, passar e cumprir as multas ou chimbas aplicadas ao filho.
A palavra Erê vem do Yorubá, iré, que significa “brincar”.
O Erê também recebe oferendas que são as comidas do seu Orixá, e também, simbolicamente, brinquedos infantis, festas, bolos, aí já dentro do sincretismo religioso.
O Erê é responsável pelo cumprimento litúrgico do ronkó independente do iyawo  estar virado ou não, é o vigia do Orixá.
O Erê também responsável pelo resguardo do iyawo defendendo-o contra tudo e em qualquer momento em que estiver fora da Casa de Santo.
O Erê quando muito bem educado e doutrinado, pode ocupar depois de algum tempo, lugar de destaque na Casa de Candomblé podendo dar eventualmente, consultas, indicar ebós, etc.
O Erê estará sempre ligado as determinações do Orixá, pois sem a presença do Orixá não haverá Erê, é condição básica a presença do Orixá para  o que o mesmo deixe o Erê chegar, como também para o Erê ir embora, o Orixá também retornará realinhando as energias.
O Erê acompanhará sempre o sentimento do Orixá  com os mesmos Ewós, kizilas, ajeuns e indumentária básica.
No dia  seguinte a festa da saída do Iyawo, um novo ritual acontece chamado Panan, que é o reaprendizado do dia dia, quebra de ewós, readaptação a vida social, onde pode  haver a participação do Erê, o Erê ganhará um nome que esteja intimamente ligado ao seu Orixá, escolhido por quem o apadrinhou.
Todos os iniciados tem Erê, porém nem todo Orixá deixa o Erê, ainda assim existe um orô para chamar o Erê. Erê Mi!
Os Erês podem participar e serem vistos em algumas casas antigas no ritual chamado  “Carurú de Ibeji”, onde são homenageados os Orixás gêmeos que regem o nascimento do Orixá no ronkó. Só não podemos confundir Erê de Orixá de personalidade infantil com os Orixás Ibeji.
Hoje em dia quase não se vê mais um orô de Erê, o  sincretismo os uniu as crianças da Umbanda, Ibejadas, Cosme e Damião, etc.
Erê cura, reza, faz ebó, presente, passado, futuro e fala sério brincando!
Texto: Fernando D’Osogiyan

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